Calvin & Hobbes |
GLOSSOPOESE! A charge acima ilustra de forma jocosa o que esta envolve, um termo técnico que designa em português o que tem sido mais comumente chamado de CONLANGING, uma palavra inglesa que significa construção de línguas (conlang - constructed language). A versão no vernáculo deriva do grego glôssa, língua, e poíesis, portanto, "criação de línguas". O original deste termo foi cunhado pelo famoso J.R.R. Tolkien, que, aliás, é bem conhecido por sua obra O Senhor dos Anéis, repleta de idiomas artificiais.
A ideia de criar uma língua não é nova. Segundo Umberto Eco (1996), o relato mais antigo de que se tem notícia data do ano 1200 d.C. Hoje há milhares de glossopeias no mundo inteiro que podem ser encontradas em vário sítios da internet. No Brasil, a produção de idiomas artificiais também tem crescido. Eu mesmo criei uma glossopeia, o Fúrsio (posteriormente postarei informações sobre ela). No livro GLOSSOPOESE - O COMPLEXO E DESCONHECIDO MUNDO DAS LÍNGUAS ARTIFICIAIS, tomei o cuidado de explicar como a fiz, que critérios e métodos levei em conta.
Infelizmente, muitos têm a tendência desorientada de associar glossopoese sempre com produção de línguas auxiliares internacionais - idiomas artificiais criados para a comunicação global assim como o conhecido Esperanto do post anterior e outros não tão famosos como o Volapuque. No entanto, muitas centenas de glossopoetas criam sua línguas pelos mais diversos motivos e objetivos.
A propósito, se estiver se perguntando o que é o desenho na capa, trata-se do quadro "De Torne vun Babel" do artista maranhense Maurício Evangelista Torres, uma representação da torre zigurate de Babel do texto bíblico de Gênesis 11:1-9, que se tornou um símbolo para os criadores de línguas, por causa do relato sobre a instantânea proliferação dos idiomas humanos, o que por sinal, bem representa o movimento.
Se você estuda linguística, deseja saber como nascem as línguas, como são classificadas, as relações entre elas, como se constroem idiomas artificiais, com que objetivos, se deseja entender a presença constante da glossopoese no cinema e na literatura, ou simplesmente ama línguas e lê tudo sobre elas, esse será um ótimo objeto de estudo, um livro que é ao mesmo tempo técnico, atraente e acessível. Diferentemente de seus precursores, não trata apenas dos movimentos interlinguísticos ou de um relatório meramente histórico, mas guia de forma científica os interessados em seguir o movimento ou satisfaz a curiosidade daqueles que buscam compreendê-lo e dele saber algo.